sábado, 20 de outubro de 2007

Na Piscina... (VIII)



Não acredito nesse amor!

Amas o meu corpo e o prazer que dele conquistas!

Amas a dedicação com que satisfaço as tuas fantasias mais rebuscadas!

Hoje senti-te diferente, mais envolvido, mais apaixonado, mais dedicado a mim… não parecias concentrado nos pormenores, mas sim em mim… Olhaste-me por diversas vezes nos olhos e até o sorriso, apesar de maroto, parecia mais quente, mais próximo!

Mas, para ti, esta foi apenas mais uma fantasia… e nada comparada com tantas outras que já vivemos… Nos teus livros, descreves-me sempre de forma diferente… posso ser loira, morena ou ruiva… alta ou baixa… mais voluptuosa ou mais imaculada! Sou o que tu imaginas! O que imaginas para os leitores… Por tudo isto, não acredito nesse amor que, de tempos a tempos, dizes sentir…

No início, pensei que reconhecerias que eu sou a mulher que mais te ama e quererias ficar comigo. Enganei-me! Não fui enganada por ti… sempre soube que te servia de musa inspiradora.

A minha chegada a esta casa coincidiu com o revigorar da tua escrita! Mas ela não percebeu isso… A tua mulher… a minha irmã! Ou será que percebeu? Será que sabe mas continua esta farsa pois assim não precisa de te aturar as investidas? As mesmas que sempre foram motivo de desentendimentos e queixas!

Ambos atingiram as suas pretensões… o sossego dela que entretanto se deleita com as compras que o dinheiro do teu sucesso lhe permite… e a tua dupla satisfação: a profissional que sempre ambicionaste e a pessoal pois satisfazes os teus desejos sexuais e não precisas passar por um dispendioso divórcio, agora que és famoso como escritor. Mas nenhum dos dois se preocupa comigo! E posso concluir, que nem eu comigo mesma…

Ouço o portão automático da garagem a abrir… Ela chegou! Rapidamente me levanto e visto o biquini Preparo-me para me deitar na espreguiçadeira e fingir que passei a tarde ao sol, quando te vejo a atravessar o jardim. Abraças-me e dizes ao meu ouvido que acabaste com toda a farsa que estávamos a viver. “Amo-te! Não o consegui esconder por mais tempo! Nem vou mais partilhar-te com os meus leitores… Quero-te para mim… como sei que sou para ti! Único!”

Olho para ele sem compreender muito bem o que querem dizer aquelas palavras. A minha irmã encontra-nos no jardim… Aparenta uma quietude que me inquieta! Segue para o interior da casa, sem dizer uma palavra… Embrulho-me na toalha e vou atrás dela pela escadaria… Volta-se no patamar e diz… “Espero que sejam muito felizes! Não penses que ocupas o meu lugar… Eu nunca o amei e ele nunca me compreendeu!”

Na manhã desse dia, disseste-lhe o que ela admitiu já saber… Amavas-me e não aguentavas mais a mentira em que vivias… um casamento de fachada e um amor secreto! Querias amar sem rodeios, sem reservas!

Apenas dois meses depois, estamos lado a lado no lançamento do seu novo livro – “Quero amar-te”. Eu continuo a ser a protagonista… mas, desta vez, nada me poderia fazer mais feliz!

FIM

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