sábado, 5 de maio de 2012

Ana... L


Ana sentia desconforto enquanto avançava pelo corredor do hipermercado... dirigia-se ao expositor de preservativos... procurava um lubrificante e preservativos... Ana estava casada há alguns anos com Miguel; ainda não tinham filhos e eram felizes, mas como acontece com muitos casais, sentiam que a rotina se começava a instalar e resolveram intervir antes que a situação se tornasse complicada. Tinham uma vida sexual satisfatória; conversavam sobre esse mesmo assunto várias vezes e sempre tinham conseguido perceber os desejos de cada um, sempre conseguiam satisfazer as fantasias... excepto uma... Ana gostava de experimentar sexo anal mas Miguel estava com dúvidas! Miguel não achava interessante e sempre achara que Ana não tinha de se sujeitar à dor que essa prática poderia implicar. Ana deixara rolar durante algum tempo mas no início da semana tivera uma conversa franca com Miguel e declarara a sua intenção de experimentar. Miguel concordara e acabou por concordar que tinha no mínimo curiosidade. Combinaram que iriam comprar os preservativos e o lubrificante para minorar as possiveis consequências negativas... Nesse dia ficaram de ir juntos às compras na hora do almoço. Ana chegou ao hipermercado e ligou a Miguel que se desculpou dizendo que ainda não conseguira sair e que o melhor seria adiar para depois do trabalho. Ana achou melhor comprar ela mesma já que estava lá e até porque pressentiu algum desconforto em Miguel.
Chegou junto do expositor e começou a procurar entre várias embalagens coloridas e apelativas de preservativos para todos os gostos e finalidades; com sabores, estrias, extra-finos, retardantes, com oferta de anel vibratório ou lubrificante. Também os lubrificantes ofereciam diversidade; com sabor, sem sabor, com efeito calor ou natural... Enfim, Ana ficou relativamente constrangida e indecisa. Já não se lembrava de fazer aquele tipo de compras, talvez desde a faculdade. Estava tão absorta nestes pensamentos que nem reparou que estava a ser observada.




António aproximou-se daquela mulher interessante e completamente distraída. Não conseguia disfarçar o interesse que o facto de aquela mulher estar a escolher preservativos lhe despertava.
Ana sentiu algo estranho e levantou o olhar... os seus olhos encontraram os olhos sorridentes de António... sentiu as faces aquecerem e desviou o olhar.
- Precisa de ajuda? - perguntou António mantendo o olhar em Ana.
Ana corou ainda mais; que atrevimento o deste homem, pensou. A voz saiu rouca quando conseguiu elaborar uma resposta:
- Obrigada, mas acho que posso encontrar sozinha o que procuro - Ficou um pouco incomodada com o efeito da sua voz.
António sorriu mas não desistiu e dirigiu-se para o expositor:
- Dependendo do que queremos qualquer destas opções poderá proporcionar excelentes momentos. E dizendo isto, segurou numa embalagem de preservativos com estrias e entregou-a a Ana e continuou: - Consigo recordar-me de uma excelente experiência com estes... Talvez queira experimentar... Ou será que já conhece?
Ana entregou-lhos de novo. António pegou na embalagem e colocou-a no cesto das compras de Ana.
Ana não disse nada, apenas olhou para o cesto incrédula. António continuou a olhar para o expositor e retirou uma outra embalagem que Ana percebeu serem de sabores.
- Estes, - António continuou a explicar - são óptimos para começar umas brincadeiras... e os de menta são... - fechou os olhos e sorriu - são algo agradavelmente fresco em momentos muito quentes. E voltou a colocar a caixa no cesto das compras de Ana que desta vez já sorriu discretamente.   
- Mais alguma sugestão? - questionou-o.   - Se soubesse o que procura ao certo, talvez pudesse ser mais fácil... Mas, há muitas coisas interessantes...   
António olhou novamente o expositor e pegou numa embalagem vermelha... tratava-se de uma caixa de preservativos com oferta de um anel vibratório.
- Este é novo num hipermercado, mas também já conheço... Interessantes, acho que deve levar também. O prazer nunca será demais!
Novamente a embalagem foi colocada no cesto das compras...
Ana estava incrédula... Aquele homem estava doido... mas o pior é que o episódio estava a excitá-la. Decidiu sair dali antes que a situação ficasse descontrolada.
- Obrigada pela ajuda! - disse com a voz trémula e virando costas afastou-se, deixando o cesto das compras...
António pegou no cesto e seguiu-a...
- Esqueceu-se das compras! - disse segurando-lhe delicadamente no braço.
Ana não queria acreditar... já nem tentava disfarçar nem conseguia, a excitação e a surpresa que aquela situação lhe estava a provocar. 
- Para além de que, tenho ainda mais uma sugestão para si... - continuou António decidido e chegando-se ao ouvido de Ana segredou-lhe algo que a fez sorrir e corar ao mesmo tempo.
"Porque não?", pensou Ana. Pegou no cesto das compras e, sem responder, encaminhou-se novamente para o expositor. Escolheu um outro produto, atirou-o para o cesto e olhou para António. Decidida, avançou na direcção dele e disse:
- Vamos? - perguntou-lhe. E avançou para a caixa.
António sorriu e seguiu-a. Pagaram os produtos e seguiram juntos até ao estacionamento.
- Vamos no meu carro ou... ? - Perguntou António mas nem terminou...
- Claro... - respondeu Ana.
António dirigiu-se ao carro e Ana seguiu-o.
António conduziu até um motel que Ana ainda não conhecia. Foram em silêncio todo o caminho. António sorridente, de vez em quando olhava discretamente Ana. Ana um pouco constrangida, absorta nos seus pensamentos, sentindo dualidade... Por um lado, queria aquela experiência apenas pela experiência... Por outro, sentia-se mal... trair não fazia parte dos seus planos, nunca imaginara sentir essa vontade... Nunca pensara que facilmente pudesse envolver-se numa aventura assim.